Investidores seguem temerosos em relação aos planos do governo federal para reduzir os preços dos combustíveis.
O dólar recuava 0,30%, cotado a R$ 4,859, por volta das 10h27 desta quarta-feira (8), devolvendo parte da forte valorização na véspera após a retirada de investimentos no Brasil devido aos temores dos investidores quanto a um possível descontrole fiscal por parte do governo federal.
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,63%, aos 109.376 pontos, prejudicado pela retirada de investimentos no mercado brasileiro e pela queda do minério de ferro na China, o que prejudica ações de mineradoras e siderúrgicas, em especial a Vale.
As preocupações dos investidores estão ligadas ao anúncio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que busca reduzir o preço dos combustíveis.
A ideia é isentar impostos federais do diesel e do gás, e criar um fundo para compensar financeiramente estados que isentem a cobrança de ICMS na gasolina. A equipe econômica estima um impacto de cerca de R$ 40 bilhões nas contas públicas.
Há ainda uma aversão a riscos ao redor do mundo, que favorece o dólar, já que a semana conta com a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que pode sinalizar uma alta nos juros para enfrentar a inflação na zona do euro, e com os dados de inflação nos Estados Unidos, que darão mais pistas sobre os possíveis próximos passos da elevação de juros do país.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC pode ajudar a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na terça-feira (7), o dólar teve alta de alta de 1,63%, a R$ 4,874, na maior variação percentual desde 5 de maio (2,34%) e com o maior valor desde 19 de maio. Já o Ibovespa recuou 0,11%, aos 110.069,76 pontos, na menor pontuação desde 20 de maio.
Sentimento global
Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já chegou a descartar altas de 0,75 ponto percentual nos juros, ou um risco de levar a economia do país a uma recessão, mas sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo. A confirmação da contração da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre, por exemplo, reforçou a visão de que a autarquia não deverá ser tão agressivo na alta de juros quanto o previsto.
Por outro lado, com o fim do lockdown na cidade chinesa de Xangai e alívio nas restrições na capital Pequim, a expectativa é que a demanda chinesa retorne aos níveis anteriores, o que voltou a favorecer exportadores de commodities e aliviou uma parte das pressões sobre o real.
Com as duas novidades, o Ibovespa e o real encontraram espaço para valorização. Qualquer mudança nessas percepções, porém, prejudica os dois.
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